sábado, 8 de fevereiro de 2014

Relato de Parto - Débora de Oliveira e o desejo de um parto respeitado.

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Olá pessoas, faz algum tempo que não venho aqui dividir com meus leitores as nossas peripécias, e hoje ainda não vim contar sobre elas, mas vim trazer para vocês uma história linda de empoderamento, e pedir com o maior carinho, se puderem compartilhar, contribuir, toda e qualquer ajuda será muita bem-vinda.


Débora é uma amiga e cliente, e está a espera de seu segundo bebê, sofreu violências obstétricas e hoje se empoderou e joga no time de  mulheres poderosas, de mães maravilhosas, hoje sua situação não a permite realizar o sonho, e abriu seu coraçãozinho e veio com humildade pedir nossa ajuda... nós vamos conseguir linda!!!!! Aqui ela conta sua história:


MINHA HISTORIA

Meu nome é Débora tenho 25 anos há dois anos e dois meses atrás descobri a gravidez já com 12 semanas, era tão esperada, pois já fazia algum tempo que estávamos tentando. Descobrimos por volta das 20 semanas que seriamos pais de uma MENINAAA, nossa Beatriz!






Durante a gestação toda falei para a minha GO que queria PN e ela sempre me falava que sim, seria possível, por volta das 20 semanas, ela me disse que estava com inicio de hipertensão e cortou todo sal da minha alimentação, e logo já havia abaixado. Por volta das 30 semanas ela me disse que estava com DIABETES GESTACIONAL, foi onde meu mundo caiu pela primeira vez,chorei e me desesperei com o fato que ela nem tentaria o PN, mas no consultório ela me acalmou dizendo que se conseguisse controlar poderíamos tentar. De fato consegui controlar só com alimentação. Com 36 Semanas ela me disse que viajaria e que ficaria um outro GO para me auxiliar se ela viesse antes do tempo.Com 39 Semanas ela voltou de viagem e no retorno ela me disse que teríamos marcar a cesárea pois seria perigoso passar das 40semanas.
No dia 14/05/2012 ela marcou a cesárea para o dia 17/05/2012 para as 18h00min, mas me disse que se entrasse em TP faríamos PN. No dia 15 eu acordei as 07h00min da manha e senti algo escorrer pelas pernas, achei que fosse xixi, mas meu marido achou melhor irmos para a maternidade, o plantonista constatou que minha bolsa não havia rompido e me mandou para casa. Na saída da maternidade recebi a ligação da secretaria da GO pedindo para passar no consultório e pegar a guia para ser autorizada da cesárea, fui ate e fiz todo o procedimento necessário, no mesmo dia fui com meu sogro ajudar a resolver algumas coisas no poupa tempo, logo depois fui no emprego do meu marido pegar o carro para ir para a casa , já na loja (por volta das 16:30)fui ao banheiro normalmente, chegando na frente da loja senti uma água escorrer para valer(agora minha bolsa rompeu mesmo.. heheh).No caminho de casa liguei para a secretaria e ela me orientou a tomar um banho morno e longo e ir para a maternidade que a GO me encontraria la.
Por coincidência o mesmo plantonista da manha me atendeu e confirmou que a bolsa havia rompido, eu disse a ele que já tinha avisado a GO e ela estava indo para lá (imaginava eu).
Enquanto meu marido dava entrada na maternidade me levaram ao 1º andar, me rasparam e me fizeram colocar aquela linda camisola (SQN) e me colocaram aquele soro, nesse momento eu esperava a minha GO ir ate a sala para conversarmos sobre o que seria feito (só que isso não aconteceu).
Chegou uma enfermeira e me disse: "Vamos para o centro cirúrgico".
Eu disse: "Como assim? A medica já chegou?”.
Ela: "Sua médica já esta a caminho e vamos te preparar!”.
Nessa hora fiquei mais que confusa, com medo e frustrada. Mas pensei que talvez fosse necessário para o bem do BEBÊ.
Os procedimentos foram feitos, anestesia, amarrar mãos e aquele pano azul (pavoroso por sinal).
Enfim a ocupadíssima GO havia chego, me disse um "OI" e foi logo para o procedimento.
Assim que começou a cesárea eu a ouvi dizer: "A bolsa dela rompeu? Tem bastante água aqui”.
Pensei: “Talvez se você tivesse ido me examinar, teria constatado isso”. Enfim ela nasceu às 18h29min, demorou um pouquinho para ouvir o choro da minha bebê, foi um choro engasgado.
Logo me trouxeram ela, que coisa mais linda, mas não consegui senti-la, cheira-la muito menos abraça-la, pedi para o marido não desgrudar dela.. heheh
Fui para o pós- cirúrgico e tive que aguardar por 4 horas ate ir para o quarto, meu quarto era em frente ao berçário e a vi naquele bercinho sozinha, e quietinha. Demorou mais um pouco para me trazer, nesse momento achei que meus problemas tinha acabado.
Mas assim que me trouxeram ela, veio à enfermeira e me explicou como amamentar, mas a Bia teve dificuldade para pegar e ela simplesmente me disse: "Ela não vai pegar seu peito, você não tem bico!”.
Meu mundo desabou novamente chorei e ela me disse: "Chorar não vai adiantar, precisa se acalmar para que ela pegue o seu bico!" Então ela levou a minha filha que tinha menos de uma hora chegado em meus braços para alimenta-la no berçário.
O primeiro dia não amamentei novamente, e então uma das enfermeiras veio alimentar minha bebê no quarto, ela chegou com o copinho e enfim minha bebe parou de chorar. Após 26 horas de dar entrada no hospital, veio a minha GO para me dar alta, ela não me examinou me deu uma folha com as orientações do pós-parto e se foi.
Minha filha já tinha recebido alta as 11h00min da manha (isso mesmo ela recebeu alta sem mamar no peito, outro detalhe, nem vi a cara da pediatra, pois estava no banho). Quando cheguei em casa achei que seria mais tranquilo, mas não foi assim, os pontos doíam muito não conseguia me levantar sem ajuda, a cada tentativa de amamentar minha filha uma luta, quando ela estava bem cansada de chorar eu ordenhava e dava no copinho para ela.
O que me ajudou muito foi o BANCO DE LEITE, depois de três dias de vida minha princesa pegou o peito pela 1º vez, foi uma emoção sem fim! Conversando com algumas mães descobri que na maternidade era procedimento dar leite com bico (mamadeira). No banco de leite me explicaram que como já apresentaram a forma mais fácil para minha Bia, ela estava com preguiça de sugar meu bico,
Depois de muita luta minha bebe pegou meu peito, mas não tinha força o suficiente para sugar mais que 15 minutos e logo chorava novamente, então eu ordenhava a toda mamada e dava no cateter. Depois de 50 dias minha bebe não pegou mais meu peito e meu leite secou, sendo assim foi só LA.
Desde então ela se alimenta com LA, e isso me frustra muito, pois sinto que meu parto não ajudou nada para esse momento acontecer. Sonhei tanto em amamentar!
Eu não me informei e empoderei o necessário para lutar pelo parto respeitoso e desejado.
1 ano e 3 meses depois descobri que estava grávida novamente (mais rápido do que imaginávamos), descobri a gestação com 8 semanas, como já tinha trocado de GO imaginava que seria acompanhada pela pessoa certa, até que na 2º consulta depois do descobrimento ela me lançou:
"Você não poderá fazer PN, pois o seu útero esta muito frágil, pois a sua cesárea só tem 1a e 5m."
Eu disse: "Mas doutora meu parto acontecera somente após os 18 meses da cirurgia"
GO: "Mas seu útero já esta esticando, seu útero não pode sentir as contrações, porque se romper e tivermos que escolher entre mãe e filho, escolheremos mãe.”.
Meus Deus o marido ficou apavorado e já logo me disse que não iria fazer PN (pronto ela conseguiu convencer ele).
Pensei: "Só terei dois filhos (decisão minha e do marido) e não será possível que não sentirei a "dor" do parto!”.
Chegando ao emprego comecei as pesquisas e logo entrei no Grupo na rede social, chamado Gravidinhas & Mãezinhas, e lá tive a informação de que uma 2º cirurgia é muito mais perigosa.
Primeiro passo era trocar novamente de GO e então fui super indicada a uma GO a favor do PN.
Chegando ao consultório a GO logo me passou tranquilidade e se mostrou muito a vontade com os meus desejos, ela me confirmou todas as informações que li e a melhor parte foi que o marido ficou.
Saiu de lá super a favor do PN.
Segundo passo foi à procura da doula, e então conheci a Thaiane, me surpreendi e estou me surpreendendo com cada encontro que temos, ela me ajuda muito.
O pré-natal estava indo bem, descobrimos que será o GABRIEL que vai chegar e fazer companhia para a Bia.
Já ate tinha decidido que abrirei mão do convênio para ter o parto em uma maternidade do SUS, só para não voltar naquela do primeiro parto.
Mas a cada relado e cada vídeo de parto domicilia que leia e via, meu coração ate batia mais forte.
Pois só o fato de não precisar entrar em um hospital novamente para a chegada do meu GABRIEL já me acalma o coração, só de pensar que o momento da chegada dele realmente vai ser respeitada e que ele não terá nenhuma intervenção desnecessária, não consigo imaginar outra forma dele chegar do que ao lado da irmãzinha e no nosso lar.
Mas a situação financeira não anda junto com o desejo, meu marido quando descobrimos a gravidez estava no meio da construção do negocio próprio, e tínhamos acabado de nos casar na igreja com direito a  confraternização.
Foi quando li e vi as fotos do relato da Flávia Maciel (Doutora em G.O e Fundadora do G&M) do PD, chorei horrores, pois era um sonho que não seria realizado.
Mas a Flávia me passou o contato da parteira, criei coragem e liguei para ela, marcamos e então ela nos explicou tudo e conseguiu acalmar o marido quanto ao assunto.
E agora chegou as 35 semanas e eu a um passo para conseguir realizar o meu sonho.
Por isso preciso de toda ajuda possível.


Fotos: Denise Pimenta Fotografia